terça-feira, 13 de agosto de 2013

Comissão da Verdade começa a investigar de crimes da Ditadura em AL



Atendendo a um Projeto de Lei aprovado na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE), a Comissão da Verdade - formada por sete membros 'de conduta ilibada e militância social' - será responsável pela investigação de diversos crimes atribuídos à Ditadura Militar no Estado e registrados entre as décadas de 50 e 60. O modelo implantando em Alagoas seguirá aos moldes da Comissão Nacional da Verdade, que tem levantado discussão em torno de questões ainda consideradas obscuras. A partir desta segunda-feira (12), a Comissão terá dois anos para realizar diligências relativas, por exemplo, a documentos secretos das Forças Armadas Brasileiras. 

Delson Lira, Eduardo Davino, Ênio Lins, Everaldo Patriota, Maria Alba Correia, Manoel Henrique de Melo e Maria Ivone Loureiro Ribero foram os escolhidos para integrar o comitê, com base no parâmetro de militância social de cada um deles. Maria Ivone Loureiro, por exemplo, teve o esposo assassinado à época da Ditadura e cujo corpo ainda não foi localizado.

“Finalmente, Alagoas ganha a Comissão que terá o trabalho de buscar em documentos as circunstâncias que ocasionaram a morte dezenas de alagoanos. Pessoalmente, fui vítima da Ditadura Militar e tive o meu esposo arrancado do lar. A exemplo do meu caso, temos outras dezenas de pessoas nessa situação. Por meio da Comissão, a verdade ganhará corpo e voz”, afirmou, emocionada, Ivone Loureiro. 

Segundo dados oficiais da Comissão Nacional da Verdade, mais de 400 pessoas ainda estão desaparecidas ou foram dadas como mortas em decorrência das ações de diversos grupos que atuavam na Ditadura Militar em todo o Brasil. 

“Apesar do desafio, o trabalho começa hoje com a perspectiva totalmente positiva. Ao longo dos próximos dois anos, vamos analisar diversos casos e, aos poucos, encontraremos a verdade. Saber onde foi enterrado o corpo do parente é um direitos que todos têm, além de finalmente enterrá-los com o devido sentimento. Nunca é demais discutir e lamentar as ações da Ditadura. Assim, o sentimento democrático se fortalece no ser de cada brasileiro”, analisou Loureiro. 

'Estava na hora'

O termo de posse dos membros da Comissão foi assinado em cerimônia oficial no Palácio República dos Palmares, na tarde desta segunda-feira (12). O deputado Judson Cabral – que propôs o Projeto de Lei – se mostrou satisfeito com os nomes dos membros e, apesar de lamentar a demora para a instalação dos trabalhos da comissão, afirmou acreditar que posturas questionáveis serão expostas à toda a sociedade alagoana. 

“Estava na hora do nosso Estado começar a investigar esses crimes. Não podíamos ficar, mais uma vez, na contramão de um sentimento nacional. Há um ano e meio, esperávamos ansiosamente pelo início dos trabalhos. Todo o contexto precisa ser resgatado, já que há a necessidade de se conferir transparência a todas as situações”, frisou Judson.

Postado por: Euclides Avila - Coordenador de Comunicação.

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